O fim do ano é, tradicionalmente, a melhor época para troca e aquisição de automóveis, mas com o recorde de 63 milhões de brasileiros inadimplentes, isso esbarra nas dívidas pendentes e restrições no nome que impedem os financiamentos. Diante desta realidade, a renegociação de dívidas é uma forte aliada do setor automotivo, porque recupera o crédito e mantém aquecida toda a cadeia produtiva.
No período de crise, entre 2014 a 2016, as montadoras enfrentaram uma retração estimada em 40%. Só em maio de 2019, foram produzidos 275,7 mil veículos, uma alta de 29,9% e licenciados mais de 1 milhão – uma alta de 12,5%, mas que ainda não cobre as perdas sofridas.
Em 2017, a chamada “farra do crédito de veículos”, no finalzinho da crise, quando era possível comprar um carro zero, sem entrada e parcelado em até cem vezes. Um “artificialismo” que, de acordo com os especialistas em economia, gerou inadimplência pela falta de sustentação das operações e que deixou 38,1 bilhões de reais distantes da mesa de seus credores.
O esforço de recuperação seria tanto, que os bancos simplesmente desistiram de cobrar nada menos do que 23 bilhões de reais (declarados como prejuízo) e passaram a trabalhar na recuperação de um pouco mais do que 15 bilhões de reais.
Segundo a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), a taxa de inadimplência para as pessoas físicas (considerando as operações de financiamento com atraso há mais de 90 dias) é de 3,3% e de 6,8% para atraso entre 15 e 90 dias, em uma média de prazo de 44 meses. Dados dos cinco primeiros meses de 2019, que representam uma dívida quase no mesmo patamar do crédito liberado para a aquisição de veículos que corresponde a 12,2% do total das operações de crédito no País.
Em janeiro deste mesmo ano o percentual de famílias brasileiras endividadas aumentou para 60,1% de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), com o financiamento de carro na ordem de 9,7%, como informou o portal da CUT.
Os carros recuperados por bancos e financeiras chegaram a representar metade do estoque dos veículos nos pátios de leiloeiros. Alguns bancos e financiadoras já mantiveram (acredite) mais de 100 mil automóveis resgatados de compradores que não pagaram as prestações do financiamento.
Desafios da Recuperação de Crédito para o setor Automotivo
As velhas disputas, complicações judiciais e a toda a burocracia inerentes a este tipo de operação ainda têm um custo muito alto. E a Era de Dados traz desafios ainda maiores e operações ainda mais sofisticadas para encontrar estes compradores.
Um dos principais empecilhos é a barreira comunicacional. Dados do estudo Raio X do brasileiro em situação de inadimplência, realizado pelo Instituto Locomotiva em parceria com o serviço de cobrança digital Negocia Fácil, revelou que 73% das pessoas simplesmente pararam de atender telefonemas – dificultando por completo o CPC (contato com a pessoa certa).
Para cobrar uma conta inadimplente, são necessárias informações abrangentes e de fácil acesso que permitam localizar este consumidor. Um bom hub de cobrança digital dispõe de mecanismos para encontrar e validar essas informações, de modo a alcançar este consumidor e de forma cada vez mais empática aumentar os resultados.
Some-se a isto, a inteligência de dados para identificar, priorizar e agir em contas depreciativas. E tudo isto com tecnologias exponenciais que quantificam tarefas que até aqui exigiam a dedicação de equipes gigantescas e que hoje são capazes de trabalhar 24×7 por muito menos e melhor: sem escravizar ninguém.
Autosserviço: a cobrança no estilo “Faça Você Mesmo”
O autosserviço de cobrança digital traz agilidade e ampla oportunidade de aumentar a arrecadação e, ao mesmo tempo, devolver para os credores, clientes satisfeitos de volta ao consumo, o que representa um saudável escoamento da produção.
Para transformar essa oportunidade em realidade, as práticas de cobrança precisam estar apoiadas em um novo paradoxo; nos permitir estar bem mais perto do consumidor e com uma frequência gradual de abordagens com cadência e fluxo determinados por algoritmos que nos garantem maior assertividade.
Nossa experiência prova o quanto as mudanças estruturais no padrão das comunicações – alavancadas pela abordagem, positiva e com um composto de inteligência artificial, chatbot mais a versatilidade e assincronicidade de uma plataforma como o WhatsApp – nos ajudaram a transformar a antiga régua de cobrança na nova régua de relacionamento, de modo a manter as marcas dos credores lado a lado com seus consumidores na fase da inadimplência.
Assim, não apenas mudamos o jeito de fazer cobrança, mas, a própria relação com a dívida, por entender que a inadimplência é apenas uma etapa do ciclo de vida. Esse “Novo jeito de fazer Cobrança Digital”, nos levou a conquista do Prêmio Best Performance 2018; assim como o Fator H2H (humanos trabalhando para humanos), nos leva mais uma vez ao pódio este ano.
De certa forma é, também nosso, o desafio fazer com que essa se torne a realidade de credores do setor automotivo dispostos a adotar sistemas de cobrança digitais, inteligentes, sobretudo altamente responsivos para dar aos seus clientes a oportunidade de, eles próprios, simularem as opções de negociação sem a necessidade de contato telefônico.
Tudo de um jeito rápido, fácil e melhor: a qualquer hora e de qualquer lugar, abolindo aquele constrangimento que servia de “start” para as disputas judiciais que “elastizam” o prazo e o custo de recuperar valores.
A adoção de novas formas de cobrança, os tornará aptos a acompanhar – na mesma velocidade – as mudanças impostas. E não apenas as ditadas pelos novos hábitos do consumidor, mas pela transformação digital que impactará todas as organizações.