Em um mundo no qual a concorrência é acirrada nos mais diversos segmentos, o setor bancário, com raras exceções, mostrava-se um tanto quanto alheio a essa característica do mercado na atualidade. Ou seja, para o cliente existiam poucas oportunidades ou de conhecer e comparar os benefícios de outros bancos, ou de receber propostas mais vantajosas de abertura de conta e acesso a crédito, por exemplo, de outras instituições. Contudo, este cenário está passando por uma rápida transformação com o Open Banking.
No Brasil, o Open Banking teve seu processo de implementação iniciado em fevereiro de 2021. E neste artigo abordaremos sobre o que ele é, seus benefícios, seus desafios e impactos, especialmente na área de cobrança.
O que é Open Banking
Open Banking é um termo de origem inglesa que traduzido literalmente significa banco aberto ou, em uma tradução mais livre, sistema financeiro aberto, e consiste num grupo de recursos tecnológicos e regras que possibilita o compartilhamento das informações financeiras de um cliente entre diversas instituições bancárias, além de tornar possível a integração entre as plataformas digitais dos bancos.
Um dos objetivos desta mudança é dar mais autonomia aos clientes que se tornam, de fato, proprietários dos seus dados bancários, e, consequentemente, com maiores chances de buscar soluções e serviços mais adequados à sua realidade financeira.
Este movimento de transformação iniciou-se no Reino Unido em 2018 e tem se estendido para outras nações, entre elas o Brasil, no qual, por iniciativa do Banco Central, vem sendo implementado em fases específicas desde o início de 2021. Com expectativa de implantação da quarta e última fase em 15/12/2021.
Os principais bancos e instituições financeiras que atuam sob autorização do BACEN são obrigadas a participar, ou seja, precisam compartilhar os dados de seus clientes. Já às instituições de pagamentos e as fintechs é facultativa a participação, ficando a seu critério integrar-se ao sistema.
Compartilhamento de dados: uma preocupação?
Em um mundo extremamente digitalizado e conectado, no qual disponibilizamos muitas das nossas informações pessoais, ao ouvirmos falar de compartilhamento de dados, naturalmente instala-se em nós uma preocupação acerca da segurança deste material. Sobretudo diante de situações como as de recentes vazamentos de dados de inúmeros usuários das big techs; afinal, dados pessoais podem ser utilizados de várias formas, o que os tornam valiosos.
No entanto, no caso do sistema Open Banking brasileiro, com regulamentação do Banco Central, um dos objetivos é a proteção dos dados que serão compartilhados, atendendo à Lei do Sigilo Bancário (n° 105/2001) e, em especial, à Lei Geral de Proteção de Dados (n° 13.709/2018), a LGPD, que entrou em vigor em 2020, dando autonomia dos dados financeiros ao cliente e, principalmente, exigindo que o compartilhamento de suas informações seja feita unicamente com sua autorização e consentimento, por quanto tempo desejar e com quem desejar.
Em suma, tanto as informações cadastrais quanto o histórico de transações realizadas, seja de pessoa física ou de jurídica, só poderão ser compartilhados a partir da decisão do cliente, somente para quem ele quiser. O que se dará através da API (Intefaces de Programação de Aplicação), onde acontecerá a integração, de forma segura e criptografada, entre os vários sistemas das instituições financeiras.
Benefícios do Open Banking
Algumas vantagens do advento do Open Banking já foram de certa forma citadas, ao menos de forma diluída, no artigo, mas iremos retomá-las de forma objetiva a seguir, além de trazermos outras:
- Adequação personalizada – tanto para empresa quanto para o consumidor será possível buscar alternativas que melhor se enquadrem a sua realidade financeira; munidos de seus dados bancários, poderão escolher produtos e serviços segundo suas necessidades: melhores taxas de empréstimos, custo de cesta de serviços, etc. Em especial para as corporações, pode se alcançar com isso uma importante redução de custos.
- Poder de decisão – a proposta do Open Banking, de fato permite aos gestores e consumidores terem a posse de suas informações financeiras, as quais anteriormente ficavam sob o poder dos bancos, e decidir para quem, quando e por quanto tempo querem compartilhá-las.
- Segurança dos dados – pensado em conformidade com a LGPD, o Open Banking garante, a partir das diretrizes e regulamentações do Banco Central, a segurança das informações de pessoas físicas ou jurídicas.
- Integração de sistemas – com a integração entre os APIs das instituições bancárias, será possível para negócios e indivíduos o controle centralizado dos serviços, contas e investimentos que possuam, independentemente da instituição que se tenha relacionamento. Se para o cliente isso significa uma redução de tempo consumido em atividades bancárias, para as empresas se traduz em aumento de produtividade.
- Melhoria e aumento na diversidade dos serviços – com o fomento da concorrência entre as instituições financeiras, obrigará que os bancos ofertem melhores soluções para manutenção de sua carteira de clientes, alinhadas à necessidade e perfil de cada um deles.
- Inovação – Com o progresso da implementação do Open Banking, a tendência é que se criem novas empresas com soluções modernas, formando uma espécie de rede atrelada às instituições financeiras.
Desafios
Apesar dos benefícios apresentados, como toda novidade, o Open Banking enfrentará desafios a serem superados.
Um dos primeiros, que se relaciona diretamente à questão da inovação, é a necessidade de fazê-lo conhecido pela população e, depois disso, vencer a desconfiança das pessoas acerca desse novo conceito de relação entre instituições financeiras, empresas e clientes.
Além disso, saindo do âmbito do consumidor, e entrando na seara do compartilhamento dos dados, propriamente dito, tem-se o obstáculo da padronização das informações oriundas de diversas fontes, a fim de que possam ser utilizadas por qualquer instituição.
Tal dificuldade é parte integrante de outro desafio: a adaptação de todo mercado a esse novo paradigma, o que requer tempo e, principalmente, atenção ao cumprimento de todas as exigências do Banco Central.
Open Finance
Não obstante às barreiras que precisarão ser superadas para total implementação do Open Banking, o Bacen decidiu promover essa mudança estrutural em todo sistema financeiro. Isso significa que a possibilidade de utilizar as informações pessoais ou do negócio para obter vantagens relacionadas a taxas, cestas de serviços, por exemplo, será estendida para outras instituições além de bancos e fintechs.
Dessa forma, desde que o Banco Central anunciou, em maio de 2021, a substituição do modelo Open Banking para o Open Finance, estabeleceu-se a oportunidade de incorporação de fundos de previdências, corretoras, companhias de câmbio, empresas de seguro, dentre outros. Ou seja, dependendo das escolhas de compartilhamento de dados da empresa, uma corretora de valores pode oferecer melhores condições para prestação de consultoria ou opções de investimento
Contudo, o pleno acesso a todos os benefícios oriundos do Open Finance só começará a ser possível a partir da efetiva realização da 4ª fase de implementação deste novo modelo e do seu integral estabelecimento, quando, ao menos, forem contornados a maior parte dos entraves que surjam durante o processo.
Nesse momento, o Open Finance, seria literalmente um sistema financeiro aberto que abarcaria a proposta inicial – o Open Banking –, e que, com a total concretização do compartilhamento de dados, abriria as portas para o Open Insurance e Open Investment.
Gestão de cobrança e Open Banking
A implementação e consolidação do Open Banking, e sua expansão, o Open Finance, causará impactos diretos na gestão de cobrança, afinal uma das expectativas deste movimento é a possibilidade do consumidor ter acesso a taxas diferenciadas e à possibilidade de negociação e, dessa forma, facilitar o pagamento de suas dívidas.
Além disso, por meio deste movimento inovador no sistema financeiro e bancário, a personalização dos serviços e produtos para os clientes será cada vez mais evidente, o que abarca, por exemplo, diversificação de formas de pagamentos e até mesmo o desenvolvimento de novas modalidades que dinamizem a relação entre credores e devedores.
Em outras palavras, a adequação da gestão de cobrança a esse novo cenário é fundamental para que a experiência do consumidor seja agradável e assim a companhia mantenha-se competitiva pela manutenção de sua carteira de clientes, baseando-se nos compartilhamento de dados possibilitado pelo sistema Open Banking.
Sistema financeiro aberto e as empresas de cobrança
Podemos perceber que são muitos os benefícios que o Open Banking tem por objetivo oferecer, especialmente para as empresas e clientes, contudo, para as empresas de cobranças a adaptação a todas as funcionalidades que o sistema bancário aberto permitirá, é fundamental.
O aperfeiçoamento do Brand Dressing somado ao processo de particularização de cada cliente, de cada inadimplente, deverá ser um dos primeiros passos para tornar o processo de cobrança mais efetivo e, consequentemente, obter melhores resultados. Principalmente porque o acesso aos dados, a partir da autorização do consumidor, permitirá uma análise ainda mais aprofundada do perfil de cada pessoa.
Mas, tanto para empresas quanto para gestores de cobrança de um negócio, o aumento de informações e de formas de personalização de contato crescerão aceleradamente na medida em que as fases do Open Banking forem implantadas; além disso, haverá também, de forma especial para as empresas de cobrança, um aumento significativo de demanda, pois busca-se, pela abertura do sistema bancário, a inclusão de segmentos da economia ainda não assistidos pelas instituições financeiras.
Fatores que tornam imprescindível o auxílio de plataformas e ferramentas, como software de cobrança, que otimize, qualifique e alinhe às novas exigências o processo de recuperação de crédito de inadimplentes.
Nesta realidade na qual, para uma empresa manter-se competitiva e eficaz, é primordial o alinhamento às novas demandas, nós, da MFM, com mais de 15 anos de experiência, temos as soluções em software e serviços para simplificar as suas operações de cobrança, tornando-as mais eficazes e adequadas ao novo cenário formado pelo Open Banking.
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